Um dos retornos mais improváveis já acontecidos no mundo da música pop ocorreu no finalzinho de 2006. Com o CD An Other Cup, tinha fim um sumiço de 28 longos anos de Cat Stevens, durante os quais o cantor, compositor e músico britânico dedicou-se de forma exclusiva ao islamismo.
O disco, agora também disponível em edição nacional, é creditado a Yusuf, nome de origem árabe que ele passou a adotar após a conversão. Uma atenta audição já nos tira a principal dúvida: não, felizmente não se trata de um desses discos com letras religiosas que tentam te converter a qualquer custo, e que geralmente são de uma chatice a toda prova. Stevens sempre investiu em letras ou românticas ou de cunho espiritualista, e essa tendência se mantém.
O homem que compôs, entre 1967 e 1978, maravilhas do naipe de Wild World, Lady D’Arbanville, Oh Very Young, Where Do The Children Play? e Morning Has Broken não perdeu a inspiração, e se mantém naquele universo folk-latino-pop, na melhor linha bittersweet, que lhe rendeu fama e fortuna.
A voz doce e grave, os arranjos delicados e sempre centrados em violão e/ou piano, as cordas colocadas de forma exata, sem exageros, todas as características básicas do “Cat Stevens Sound” permanecem intactas. Melhor: as canções não soam como paródias ou cópias malfeitas das clássicas, e ombreiam com as melhores que já escreveu. As latinas Midday (Avoid City After Dark) e I Think I See The Light, a pop até a medula (e linda!) Heaven/Where True Love Goes e a quase erudita Maybe There’s a World não fariam feio em uma dessas compilações do tipo Greatest Hits. Fica difícil acreditar que, mesmo tanto tempo longe dos palcos e estúdios, Yusuf ainda soe tão inspirado. Um disco de rara beleza e que cresce a cada nova audição.
Página do artista no my space:
http://www.myspace.com/yusufislam
Videoclipe de Heaven/Where True Love Goes:
http://www.youtube.com/watch?v=ZM9zKyDz4ko
Yusuf canta ao vivo I Think I See The Light:
http://www.youtube.com/watch?v=CR7AOxym0G8
Leave a Reply